Complexo Desporto / Cultural

Igreja da Misericóridia

Inicialmente pertença da família de Pedro da Fonseca, primeiro Provedor da Instituição, estava localizada em frente da sua casa senhorial e funcionava como uma pequena capela particular, tendo sido a sede da Misericórdia nos seus primeiros anos de vida.

Ao longo dos tempos foi um edifício alvo de diversas intervenções e ampliações, pelo que, a sua data original poderá remontar aos primórdios do século XVII, e dessas intervenções fazem parte a colocação do brasão da Misericórdia, a construção da torre, dos altares entre outras, que se prolongaram no tempo, dando assim uma ideia de continuidade ao longo de várias décadas e sempre de acordo com as disponibilidades financeiras da Instituição.

Assim, a referida capela deveria ser um pequeno templo, modesto e recatado para as orações da família do então primeiro Provedor, mas que ao acolher a Santa Casa foi sendo intervencionada para assegurar a dignidade necessária a uma Instituição criada em 1647, com os Estatutos e Compromisso confirmados pelo Rei D. João IV em 6 de Junho desse mesmo ano.
A Igreja da Misericórdia (como gostamos de lhe chamar), pode-se dizer que é composta por 3 altares: o altar-mor com Jesus Cristo crucificado, e dois altares laterais, um consagrado ao Sagrado Coração de Jesus e o outro ao Sagrado Coração de Maria, todos em talha dourada e pintados.
Possui um órgão de tubos, que foi restaurado aquando da instalação do Hospital Dr. Fernando Valle (Unidade de Cuidados Continuados Integrados), e funciona com base num sistema de foles (agora mecânico) e toda a estrutura (varanda) é em talha de madeira trabalhada, com a particularidade de não ser pintada.
O coro é também todo ele em madeira, com talha de madeira trabalhada, sendo algo diferenciador face a outros templos, que face à escassez de recursos nunca chegou a ser também pintado, com exceção dos lugares reservados à Mesa, junto ao altar-mor.
Tem ainda um púlpito (tribuna), feito em talha trabalhada, com flores em relevo, mas sem a pintura. A Igreja conta com uma torre sineira que foi acrescentada, estimando-se que tenha sido concluída por volta de 1882.
Antes disso, e como resultado das invasões francesas e da sua retirada, designadamente em 1811, vários foram os estragos, tendo a Igreja servido para armazém e estábulo, a que somou o desaparecimento de várias pratas e peças de maior valor.
Já no século XX, e muito pelo funcionamento do Hospital de Beneficência Condessa das Canas, coube às irmãs da Congregação Espanhola “Filhas de S. José” zelar pela Igreja, onde praticavam o culto religioso.
Mais recentemente, um dos candelabros da nave principal foi oferecido pela Professora Doutora Regina Anacleto e a Via Sacra que se encontra no interior do templo foi ofertada pelo então Provedor da Misericórdia, Prof. José Dias Coimbra (falecido já em Janeiro de 2024) que simultaneamente foi o seu autor.

Academia de Ballet Condessa das Canas

A academia deverá ser entendida como uma estrutura de cariz cultural destinada à partilha de saberes e à preservação das tradições locais nas suas mais variadas expressões. Pretende-se deste modo que a academia funcione no espaço da escola do Paço Grande, possibilitando a sua refuncionalização e simultaneamente a preservação de um imóvel de traça tradicional, representativo de uma época do sistema de ensino em Portugal e que marcou inúmeras gerações de alunos.
Assim, a estrutura projetada para a escola do Paço Grande, pretende ser um espaço funcional, aberto a todos os cidadãos e que, apesar de ter o seu enfoque na população sénior, em termos de utilização regular, pretende ser um espaço de convívio inter-geracional, fomentando assim, a partilha de saberes através de oficinas lúdicas, destinadas a áreas tão distintas como a expressão artística, línguas, informática, história, educação física, espaço de exposições, seminários e conferências entre outras.

Não obstante, a ideia preconizada para este projeto distingue-se ainda, na procura e no estímulo à participação na estrutura de funcionamento, organização e dinamização das diversas temáticas de figuras distintas da sociedade local e regional, capazes de promoverem a reflexão e a produção de opiniões sobre as mais variadas matérias com interesse para a coletividade.
Na génese dos objetivos da Academia Condessa das Canas estão os próprios desígnios estratégicos estabelecidos em sede da estratégia de desenvolvimento local gizada pelo Concelho de Parceiros da Beira Serra, para que esta estrutura possa contribuir para a melhoria da Qualidade de Vida, Criação e Diversificação do Emprego, Potenciação das Dinâmicas Regionais e Notoriedade para a Região.
A academia pretende ainda, ser o reflexo do conceito “Árvore” através da partilha de recursos com Instituições locais e facilitando sinergias em prol de algumas questões associadas ao turismo e à promoção das tradições, sem esquecer as novas tecnologias como agentes facilitadores dessa mesma promoção.

(Cine)Teatro Alves Coelho

Inaugurado no dia 9 de Maio de 1954, hoje pertença da Misericórdia, o Cineteatro Alves Coelho constitui um exemplo e modelo de modernismo na arquitetura de espetáculo, sendo o primeiro edifício construído na então recente avenida localizada sobre a Ribeira de Amandos, aspeto que implicou o recurso a técnicas de construção inovadoras capazes de proteger as fundações das águas provenientes desse leito.

A construção fez-se por subscrição pública de ações  da “Empresa do Teatro Alves Coelho”, com numerosas e significativas participações financeiras de arganilenses de África e do Brasil, tendo o nome escolhido sido previamente sufragado pela população, que assim homenageou um compositor reconhecido no mundo do espetáculo e com raízes locais.

Alves Coelho (1882-1931), professor do ensino básico, foi sobretudo  autor talentoso e festejadíssimo da música de numerosas revistas, bastando dizer que  inaugurou o Parque Mayer, no Teatro Maria Vitória, com a Revista “Lua Nova”, isto em 1 de agosto de 1922.
Colaborou com Wenseslau Pinto, Raul Portela, com Eduardo Schwalbach, Luís Galhardo e outros grandes nomes da época, em mais de 40 títulos, tendo ficado na memória coletiva da época uma célebre revista, “O 31”, que ainda hoje é evocada e que foi sucessivamente reposta em Portugal e no Brasil durante 10 anos.
Por outro lado, importa ainda referir que a construção do edifício foi, igualmente, uma forma de contrapoder ao antigo regime, que radicou num pequeno e muito discreto grupo de críticos que, desta forma, contrariavam o simbolismo da então Casa do Povo, que se enquadrava na lógica do corporativismo de então, liderando o movimento de recolha de fundos para a edificação de tal projeto.
A partir de uma estrutura vertical em dois corpos unidos pelo foyer e áreas de acesso, bem equipado no palco e nas zonas de bastidores e camarins, impõe-se pela , pelo rigor do estilo modernista e ainda pela cor avermelhada, que lhe dá o devido destaque na área urbana em que se insere, tendo sido considerado pela Ordem dos Arquitetos um edifício “marcante do século XX”.
O projeto, da autoria do arquiteto Mário Oliveira, (1914-2013), é um notável exemplo de Teatros do século XX no interior do País, especialmente numa época, anos 50 do século XX, em que as acessibilidades e as condições destas eram incomparáveis com a realidade atual.
Ostenta na sua entrada principal a citação do escritor Miguel Torga (médico Adolfo Rocha), qual definição da forma como foi levantada a casa das artes de Arganil – “erguido por teimosos e cabeçudos Beirões, da mesma maneira que antigamente se construíam as Catedrais, trazendo cada um a sua pedra”.
A noite da inauguração ficou marcada pela subida ao palco de um espetáculo vicentino encenado por Paulo Quintela, na presença do Embaixador do Brasil, na altura o poeta Olegário Mariano, e do dramaturgo Silva Tavares.
Na fachada estão as representações das artes em figuras de baixo-relevo em gesso, da autoria do escultor Aureliano Lima, cabendo ao pintor Guilherme Filipe as pinturas da decoração interna, uma das quais, um nu feminino, foi alterada depois de protestos das senhoras da terra.
Atualmente o emblemático edifício está sob a alçada da Câmara Municipal de Arganil, mediante contrato celebrado com a Misericórdia de constituição de direito de superfície, na condição da realização pela autarquia das obras de reabilitação do espaço, de acordo com um prazo pré-estabelecido.

Complexo Desportivo Zé-Miguel

O Complexo Desportivo Zé Miguel Coimbra, está localizado entre a Mata das Misericórdias, o Centro de Saúde de Arganil e o Parque infantil (Engº António Silvestre de Almeida Leitão) e foi inaugurado a 18 de Julho de 1992.

Este espaço foi criado para servir uma vasta gama de população, sendo composto por uma piscina para adultos e jovens e outra, mais pequena, para crianças.

Conta ainda com um polidesportivo com bancadas e palco, para a prática de desporto, manifestações culturais ou recreativas.

As Piscinas são equipadas por um conjunto de balneários e bar de apoio.

Ainda integrado neste complexo, temos o Campo de Futebol (Eng. Eduardo Ralha), que atualmente, está cedido, mediante contrato de arrendamento, ao Município de Arganil.